Os cavalos, selecionados com esmero, parecem dançar sobre o terreno irregular, conduzindo os cavaleiros por colinas suaves, lagos de águas claras e quedas d’água que desenham a paisagem com seus véus brilhantes.
Localizada na deslumbrante Serra Catarinense, em Santa Catarina, a Fazenda Chapada é ponto de encontro para quem busca viver experiências marcadas pela aventura e a poesia do movimento das cavalgadas. A cada passo dos cavalos, desvendam-se histórias que são sussurradas pelo vento gelado típico da região mais fria do Brasil.
Ao longo de mais de 100 quilômetros, estendendo-se por seis dias de jornada, cavaleiros de diversas partes do mundo, incluindo Brasil, África do Sul, Bélgica, França e Suíça, vêm para explorar esta região única. Sob o olhar acolhedor de Daniel Klein, mais conhecido por Catatau, dono da Fazenda Chapada, uma experiência inesquecível é tecida nas terras altas catarinenses.
Cavalgar entre os campos do Painel e a Coxilha Rica é embrenhar-se numa atmosfera de tempos passados, passando por antigos corredores de tropas e fazendas que guardam séculos de história. Os cavalos, selecionados com esmero, parecem dançar sobre o terreno irregular, conduzindo os cavaleiros por colinas suaves, lagos de águas claras e quedas d’água que desenham a paisagem com seus véus brilhantes.
A Fazenda Chapada, início deste projeto turístico, destaca-se por sua hospitalidade calorosa. Aqui, cada visitante se sente parte da família. A culinária servida é um reflexo do terroir local, oferecendo desde carnes suculentas de bovinos e cordeiros até trutas frescas, complementadas por saladas de verduras colhidas no dia e uma seleção de queijos e especiarias que são verdadeiras delícias ao pôr do sol.
Durante as paradas, os participantes têm a chance de se deleitar com a rica cultura local. A música nativista ecoa pelas campinas e as trilhas por mata nativa convidam a caminhadas que são verdadeiras expedições permitindo um contato direto com a flora e fauna locais.
A experiência é embelezada ainda mais pelas noites na Serra Catarinense, quando o céu se enfeita de estrelas, e os participantes, reunidos ao redor da fogueira, compartilham histórias e risadas, enquanto degustam aperitivos locais sob a luz das chamas da lareira.
Essa mescla de paisagens deslumbrantes, hospitalidade sincera, gastronomia exuberante, excelentes montarias e a expertise dos guias, faz das cavalgadas internacionais pela Serra Catarinense uma jornada encantadora. Ela não apenas atrai viajantes de todos os cantos do mundo, mas também os inspira a retornar, em busca de novas histórias e aventuras nesse cenário de beleza e tradição indomáveis.
Uma tradição secular na Serra Catarinense
A cultura serrana ainda respira a rotina tropeira. Com registros que datam do século XVIII, os tropeiros transportavam mercadorias e alimentos pelo país, além de animais como mulas e cavalos, dando origem ao nome da sua atividade: condutores de tropas de animais. Logo, podem ser chamados de desbravadores, uma vez que devido a esse ofício muitos povoados foram criados, pois era necessário fazer paradas para pousadas e abastecimento destas tropas, dando origem a grandes municípios, como é o caso de Lages/SC.
Durante as longas viagens, a alimentação precisava ser apropriada para a desgastante atividade, com pratos calóricos, entre eles fubá, carne de sol e feijão tropeiro. Nas paradas para pouso, o churrasco era preparado em fogo de chão e temperado com cinzas.
Aí surge a herança gastronômica tão apreciada na Serra Catarinense como arroz carreteiro, paçoca de pinhão, entrevero, pinhão sapecado, bem como o próprio churrasco, tanto o de chão como as tantas outras formas de prepará-lo.
Com o intuito de manter viva a memória desses cavaleiros, por toda a serra há diversas programações de cavalgadas. Um costume que se tornou tradição serrana. Grupos se reúnem em expedições e saem em cavalgadas cruzando os campos. Suas programações incluem paradas com refeições típicas. Alguns hotéis fazendas da Serra Catarinense também oferecem esta atividade aos seus hóspedes.
Em Santa Catarina, uma forma de homenagear os tropeiros foi a criação da Lei nº 13.890/16, que estabelece o dia 16 de abril como o Dia do Tropeirismo, uma data a ser divulgada e celebrada em todo o estado, para que todos tenham a oportunidade de relembrar a origem da própria cultura.
Os cuidados para realizar uma cavalgada com segurança
Para que uma cavalgada seja tranquila e sem tropeços, há necessidade de acompanhamento de guias que, além de conhecerem os cavalos, conhecem também os caminhos e seus obstáculos. Para os iniciantes, são indicadas cavalgadas curtas de uma a duas horas e, para os veteranos, não há limites.
Por Lizzi Borges
Fotos Augusto Camargo
